19 de março de 2008

 

Ao Fundo da página















Ás vezes a poesia também chega pelo correio. «Ao Fundo da Página», assim se chama o novo poemário do nosso particular e estimado Amigo e mestre António Salvado .

Na última edição do ‘Jornal do Fundão’ escreve o jornalista Fernando Paulouro a propósito desta nova criação salvadiana: «Ao Fundo da Página é, poderíamos dizer, uma reflexão continuada sobre o itinerário poético construído ao redor dos instantes, (…) naquilo que é a emergência de um rigor de palavras, sem concessões, sem outra condição que não seja a do labor poético em toda a sua magnífica expressão verbal». E termina com algo que sempre descobrirmos e senti nos anos em que trabalhei com António Salvado no Museu de Tavares Proença Júnior: Poesia: inseparável companheira que fura o tédio dos dias (de A. Salvado).

4 Poemas

Há dias e pela rua estreita

empedrada e onde gritos de

crianças perduram talvez a ser

ouvidos muito ao longe, os meus

olhos subiram até ao mirante

esfacelado de uma casa e, como

verifiquei saudosa e apaixo-

nadamente, todas as de outrora

buganvilías tinham falecido.

Aliás, acontecimentos idênticos

ou semelhantes sucedem-se no

carpir do meu tempo: despertar

e sentir-me vergado pela dureza

aterradora daquilo que já foi.

*

Na refulgência da paisagem,

e embora nela vaguem

cantos de pássaros,

uns tímidos arbustos se afeiçoam

e se definem

mortos.

*

Lavrar o tempo

e recompor ausências:

assim se vivifica

o insubstituível.

*

Embora frígido,

o sol de Inverno

acalenta o odor

das flores

a serem na primavera.

PS- Esta fotografia, diferente de outras temporalidades que por aí circulam, é a nossa homenagem ao Poeta António Salvado.


Comments:
Reveja o poema. Alterou pelomenos duas palavras, que dão outro sentido aos versos. Obrigado
 
"lavrar o tempo e recompor ausências:
assim se vivifica o insubstituível."

extraordinário!

um poeta de palavras claras...
 
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